quinta-feira, 5 de março de 2009

Plano de Aula

Freud explica

Explore com os alunos a importância do trabalho do pai da psicanálise, que estaria completando 150 anos

Objetivos Atestar o impacto da psicanálise na cultura ocidental do século XX e discutir as bases do processo psicanalítico

Introdução

VEJA entrevista o psicanalista brasileiro Renato Mezan, um expert na obra de Sigmund Freud, cujo sesquicentenário de nascimento é comemorado neste ano. A expressão "Freud explica" vira e mexe está na boca das pessoas para identificar atos que escapam muitas vezes ao consciente de cada um, prova do impacto da obra do pensador austríaco. Há, no entanto, quem desconheça as origens do processo psicanalítico e a transformação que ele produziu na cultura ocidental. O tema é um bom fio condutor para o exame da vida e dos trabalhos do pai da psicanálise e a compreensão das estruturas que ele propôs para explicar a personalidade humana.


Atividades


1ª e 2ª aulas Se tiver acesso ao filme Freud Além da Alma, dirigido por John Houston em 1962, é interessante começar com sua exibição na escola. O roteiro da trama foi originalmente elaborado por Jean-Paul Sartre num livro homônimo. Apesar do clima hollywoodiano de certas passagens, que levou o filósofo francês a retirar seu nome dos créditos, a fita dá uma boa idéia das descobertas e da biografia do pai da psicanálise. Se não houver disponibilidade para apresentar a obra à garotada, proceda à leitura da entrevista. Chame a atenção para alguns termos e conceitos. Explique a diferença entre psiquiatria e psicanálise: a primeira é um ramo da medicina em que a atuação profissional se restringe aos distúrbios mentais, na maior parte das vezes acompanhada de procedimentos medicamentosos. A psicanálise, por sua vez, é um processo de investigação psicológica realizado pela livre associação de idéias expressa pelo analisado. Explore a comparação feita pelo entrevistado de VEJA com o processo da educação musical e a observação citada: "O que Freud percebe é que a psicanálise, talvez, mais que uma cura, almeja e proporciona uma experiência de si". Eis a essência da atividade, que deve ser enfatizada a fim de desfazer mitos. Um deles a classifica como uma técnica que dirige o indivíduo para adaptá-lo à sociedade. Outro diz que, no íntimo, nossos pensamentos e atitudes são tão monstruosos que espantariam o terapeuta (os cartuns abaixo sugerem tais idéias).
Distribua cópias do quadro "Fantasias sobre o Divã" e peça que os alunos redijam reflexões curtas a respeito das mensagens que as piadas visuais carregam. Outros mitos podem ser discutidos. Desafie a turma a citar alguns, lembrando que eles são também exemplos da influência da psicanálise sobre a cultura, mencionada por Renato Mezan. Estimule cada aluno a listar obras peças teatrais, romances etc. que envolvam aspectos do inconsciente dos personagens.
Fantasias sobre o divã Que tipo de ambiente sugerem os móveis e as pessoas representados nos cartuns ao lado? Que relação entre os interlocutores está insinuada na situação de cima? E na de baixo? Que diferenças em termos de conteúdo visual e de conversação se evidenciam entre ambas? É perceptível que seus autores satirizam fantasias sobre psicanálise. Justifique.

3ª e 4ª aulas A repressão sexual feminina no fim do século XIX, referida pelo psicanalista brasileiro, deve instigar um exame mais aprofundado do contexto cultural e social que envolveu as pesquisas de Freud. Os trabalhos do austríaco mudaram a forma das interações humanas. Muitos o situam no mesmo nível de importância que seus contemporâneos Karl Marx e Charles Darwin. Explique que se deve a Freud a identificação das fases do desenvolvimento psicossexual, baseada no conceito de libido a fonte de energia afetiva que se organiza em torno de zonas erógenas do corpo, conforme indicado na tabela abaixo. Providencie cópias do material para discutir com a classe cada um dos estágios. A fase fálica merece destaque, pois está associada ao período em que se estabelece a situação edípica o pai é um obstáculo entre o filho e a mãe, que culmina com o desejo da criança de matar o genitor (complexo de Édipo). Esse sentimento ocorre também com a filha que quer eliminar a mãe (complexo de Electra). Discuta o impacto dessa revelação sobre a moral vitoriana da época. A denominação complexo de Édipo, tirada da tragédia de Sófocles, revela o gosto de Freud pelo teatro grego. O exame dos sentimentos edipianos remete à leitura da peça pela turma ou à apresentação do filme Édipo Rei, dirigido em 1967 pelo italiano Pier Paolo Pasolini. Nos dois casos, a ajuda do professor de Literatura é bem-vinda.
5ª aula Distribua entre os estudantes um texto sobre a vida e a obra de Freud (veja a indicação de site no fim deste roteiro de aula). Pontue momentos marcantes, como seu estágio com o neurologista francês Jean-Marie Charcot, quando teve contato com as técnicas hipnóticas. Mais tarde, Freud percebeu que esse recurso poderia ser substituído por técnicas de livre associação, o que o levou a cunhar o termo psicanálise. Também é importante lembrar o papel da interpretação dos sonhos no trabalho psicanalítico, introduzido por Freud com base nas próprias experiências oníricas.
É possível que a turma se interesse por questões relativas ao modelo estrutural da mente, que define as funções do id, do ego e do superego. Explique cada um ou sugira a realização de uma pesquisa a respeito. Se achar conveniente, faça só um resumo. No id, que concentra os instintos, alojam-se impulsos contrários, como o sexual (Eros) e o da morte (Tanatos). O ego, que se desenvolve do id, é a parte que está em contato com a realidade externa é o que comanda o movimento voluntário. O superego, evoluído do ego, é responsável pela nossa parte crítica. Segundo Freud, ele possui três funções: consciência, auto-observação e formação de ideais.

Veja também:

Uma biografia confiável de Sigmund Freud está disponível no site

http://www.geocities.com/~mhrowell/freudbiografia.html
Plano de Aula

Abra as portas de sua classe para deuses e monstros.

Ajude a turma a entender como e por que surgem os mitos com a reportagem de VEJA sobre o material usado por artistas.

Objetivos
Analisar a formação dos mitos e sua relação com a realidade de cada povo artistas da Antiguidade.

Introdução

Quer deixar a turma fascinada e boquiaberta? A receita é simples: conte uma história da mitologia. Embora trate de feitos e aventuras de um imaginário já perdido no tempo, longe do nosso dia-a-dia tecnológico, os mitos continuam a seduzir as pessoas. Depois disso, leia com a turma a reportagem de VEJA. A tese da pesquisadora americana Adrienne Mayor faz um verdadeiro rebuliço com as origens dos mitos. O assunto, por sua própria natureza e também pela forma original como é tratado na revista, vai manter o pessoal ligado. Seus alunos também poderão comparar os heróis das civilizações grega e romana com os de outros povos, entre eles os índios brasileiros.

Atividades1.

Peça aos alunos para listar os mitos que conhecem e explicar como eles surgiram. Muitos vão lembrar de figuras greco-romanas, que a mídia costuma divulgar, como o desenho animado Hércules. Solicite então uma pesquisa a ser realizada em bibliotecas e na internet sobre os mitos de vários povos, incluindo os das culturas indígenas brasileiras. Faça uma comparação entre os mitos que os alunos citarem. Ressalte a figura do herói e a tentativa de explicar fatos da natureza, dois pontos quase sempre presentes nas histórias dos mais diferentes povos e épocas.


2. Analise com a classe a reprodução do vaso coríntio que está na abertura da reportagem.

Explique aos alunos que os arqueólogos e historiadores utilizam cenas pintadas nas cerâmicas greco-romanas (e nas obras de arte de outros povos) como fonte documental. Eles retiram desses materiais elementos que ajudam a compreender a história da época, sobretudo nos detalhes ligados ao cotidiano. Faça um exercício com a turma: que informações podem ser retiradas da cena em que Hércules combate um monstro mitológico? O tipo de arma utilizada, a vestimenta e os objetos ali representados, mostram a cultura material da época.


3. O homem interpreta o que vê a partir do que já sabe, de sua própria cultura.

Assim como os reis e príncipes gregos e romanos colecionavam os fósséis imaginando que fossem restos de criaturas mitológicas, muitos colecionadores dos séculos XV e XVI guardavam como tesouro o que acreditavam ser o chifre de um unicórnio. Mais tarde, descobriu-se que se tratava da presa de um narval, um mamífero aquático que lembra um peixe-espada. Discuta com os alunos como as interpretações variam de época para época e como representam o próprio modo de pensar da sociedade na qual surgem. Destaque o ponto de vista cientificista que a sociedade moderna usa para explicar os fenômenos naturais, em oposição à forma mitológica que pode ser encontrada em sociedades do passado e mesmo em culturas atuais.

4. Solicite uma pesquisa em grupos sobre o campo de estudo da paleontologia.

Peça que os alunos descubram as áreas do Brasil em que aparecem vestígios de animais que existiram no passado. Quais desses animais conviveram com seres humanos? E quais são muito anteriores à existência dos homens? É fundamental ressaltar que os dinossauros nunca conviveram com seres humanos, confusão muito comum devido a desenhos animados e séries de ficção. No período pré-histórico, os homens conviveram com uma flora e uma fauna diferentes das atuais ¬ havia animais de grande porte, como mamutes, megatérios (preguiças gigantes), tigres-dente-de-sabre e tatus-gigantes, entre outros. Em alguns sítios arqueológicos do Brasil, como os localizados no Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, existem ossos de alguns desses animais, além de pinturas rupestres que os retratam. A turma pode refletir sobre a forma como os povos da época retrataram esses animais.

Como e por que surgem os mitosUm dos primeiros a explicar a mitologia foi Evêmero, no século IV a.C.
Segundo esse filósofo grego, os mitos seriam a tentativa do homem de elevar feitos e acontecimentos históricos a uma categoria divina. Heróis humanos foram retratados como deuses e semideuses, numa narrativa fantasiosa. No século XX, os mitos passaram a ser vistos como modelos que permitem ao homem inserir-se na realidade. Eles funcionam como exemplos típicos das atividades humanas mais significativas. O antropólogo inglês Bronislaw Malinowski (1884-1942), refletindo sobre a importância deles para as sociedades primitivas, disse: "São a expressão de uma realidade original mais poderosa e mais importante através da qual a vida presente, o destino e os trabalhos da humanidade são governados".Outra interpretação dos mitos que também nasceu no século XX é a psicanálise. Sigmund Freud (1856 - 1939) trouxe para esse campo do conhecimento o mito de Édipo ¬ ao lado, o herói na tela do pintor francês Ingres (1780 - 1867). Foi Carl Gustav Jung (1875 - 1961), porém, quem associou os mitos à tendência do nosso inconsciente de projetar ocorrências internas sobre os fenômenos do mundo exterior. Para Jung, "os mitos são principalmente fenômenos psíquicos que revelam a própria natureza da psique". E porque são comuns a todos os homens, encontram-se temas muito semelhantes nos locais mais distantes e diversos.
Titulo

BIBLIOGRAFIAO Poder do Mito, J. Campbell, Palas Athena,
Transformações do Mito Através do Tempo, J. Campbell, Cultrix, Vida e Obra, Nise da Silveira, Paz e Terra
Religião se discute, sim. E a sala de aula é o melhor lugar para isso

Ensino Médio

1º ao 3º ano

Objetivos: Analisar de maneira crítica o discurso dos grupos religiosos dentro da sociedade.

Religião se discute, sim. E a sala de aula é o melhor lugar para isso
Revele aos estudantes como certos projetos de salvação enxergam o mundo com os olhos de emergentes sociais...

Objetivos

Analisar de maneira crítica o discurso dos grupos religiosos dentro da sociedadeIntrodução Deus não decepciona, ser rico é bom - mas será que a vida eterna, no Paraíso, é como uma longa temporada numa ilha de famosos, cheia de peruas cobertas de jóias? A reportagem "Grana, Glamour e Gospel" aborda a postura e algumas propostas da Igreja Renascer em Cristo e de sua mais conhecida porta-voz, a bispa Sonia Hernandez. Examine com os alunos esse projeto bem-sucedido de marketing religioso, que se adapta como uma luva à visão de mundo dos chamados emergentes sociais.Atividades Após a leitura do texto de VEJA, peça que seus alunos discutam os seguintes aspectos: - Na opinião da turma, qual é a origem social da maioria dos adeptos da Renascer em Cristo? Eles são "empresários ansiosos por alavancar seus contracheques" ou pessoas humildes que dirigem à bispa "dezenas de cartas com pedidos de emprego"? - A igreja Renascer em Cristo é associada ao "novo pentecostalismo". O que significa pentecostalismo? Ele é exclusivo das igrejas evangélicas ou pode ser usado para setores da Igreja Católica como a Renovação Carismática? É possível aproximar, em termos de sucesso junto ao público e a mídia, a bispa Sônia Hernandes e o padre Marcelo Rossi, da Renovação Carismática? - Que imagem a bispa transmite aos fiéis? A do sucesso baseado na proteção espiritual? Explique à turma que a igreja Renascer em Cristo (e todas as igrejas evangélicas) tem raízes na Reforma Protestante, lançada por Martinho Lutero no século 16. Segundo a ética protestante, a prosperidade era um indício do favor divino. Mas só quem levasse uma vida austera poderia ser considerado um verdadeiro cristão. Isso mudou? Como vivem os pastores e bispos evangélicos do Brasil e de outros países? Uma crença religiosa não se limita a prometer a salvação. Ela também expressa a visão de como devem ser organizadas a sociedade e as relações entre as pessoas. Qual é a filosofia implícita nas concepções da Renascer em Cristo?
A igreja tem algum projeto de combate ao desemprego, além das orações? A exibição de bens materiais, e em especial de jóias, é típica de que segmento da sociedade brasileira? (Lembre à turma que, não por acaso, a bispa Sônia Hernandez tem o apelido de "perua de Deus"). Guerra Santa, de Gilberto Gil, critica os que prometem a salvação "desde que você pague primeiro" e os "salvadores profissionais" que investem contra seus "concorrentes".

Apresente a letra da canção aos estudantes (se possível, ouça-a também) e discuta se a crítica pode ser estendida a todas as igrejas estabelecidas. A comercialização da fé, que Gil chama de peixes e/ou limões, e a venda de ilusões mediante o pagamento de dízimos são práticas legítimas?


Guerra Santa - Gilberto Gil


Ele diz que tem, que tem como abrir o portão do céu / Ele promete a salvação / Ele chuta a imagem da santa, fica louco-pinel / Mas não rasga dinheiro, não / Ele diz que faz, que faz tudo isso em nome de Deus / Como um Papa da Inquisição / Nem se lembra do horror da Noite de São Bartolomeu / Não, não lembra de nada não / Não lembra de nada, é louco / Mas não rasga dinheiro / Promete a mansão no paraíso / Contanto que você pague primeiro / Que você primeiro pague o dinheiro / Dê sua doação, e entre no céu / Levado pelo bom ladrão / Ele pensa que faz do amor sua profissão de fé / Só que faz da fé profissão / Aliás, em matéria de vender paz, amor e axé / Ele não está sozinho não / Eu até compreendo os salvadores profissionais / Sua feira de ilusões / Só que o bom barraqueiro que quer vender seu peixe em paz / Deixa o outro vender limões / Um vende limões, o outro / Vende o peixe que quer / O nome de Deus pode ser Oxalá / Jeová, Tupã, Jesus, Maomé / Maomé, Jesus, Tupã, Jeová / Oxalá e tantos mais / Sons diferentes, sim, para sonhos iguais.

Veja também:

DISCOGRAFIAQuanta, Gilberto Gil, Warner Music
Planos de aula

Ensino Médio

Ciências Humanas e suas Tecnologias

Filosofia

Atitude filosófica e vida cotidiana

Criar é preciso
Convide os estudantes a refletir sobre as atuais relações entre criatividade e conhecimento
Este plano de aula está ligado à seguinte reportagem de VEJA:

Objetivos Debater o conhecimento e a criatividade com base na pesquisa e análise de situações cotidianas.

Introdução
Já não se fazem enciclopédias como antigamente.
Basta pensar na monumental Encyclopédie, com 28 volumes dedicados a ciências, artes e ofícios, impressa na França entre 1750 e 1772.
Editada pelo filósofo Denis Diderot e pelo matemático Jean d’Alembert, a obra inclui quase 72000 artigos, muitos deles assinados por filósofos, e cerca de 3000 ilustrações. Desse modo, sintetiza os conhecimentos de uma época marcada pelo culto à razão.
Entretanto, se esse monumento fosse lançado hoje em dia, seu conteúdo estaria obsoleto muito antes de o último volume sair da gráfica. Essa conclusão fundamenta-se no artigo de Stephen Kanitz, publicado no Ponto de Vista de VEJA.
O autor observa que o conceito de conhecimento humano mudou, tornando-se “de curta duração”. O texto oferece dicas preciosas para os calouros universitários lidarem com essa realidade. Faça o mesmo com seus alunos, com base na argumentação do ensaísta e neste plano de aula. Afinal, boa parte deles estará na faculdade nos próximos anos.

Atividades

1ª aula -

Uma vez concluída a leitura do artigo, ofereça à turma informações destinadas a enriquecer um debate a ser realizado posteriormente.
Conte que, em entrevista recente, o filósofo Mario Sergio Cortella, professor do Departamento de Teologia e Ciências da Religião da PUC de São Paulo, declarou que vivemos hoje na Era da Informação - e não na Era do Conhecimento. Para o educador, essa última designação pode ser aplicada a cada um dos períodos da aventura humana, já que as sociedades sempre precisaram desenvolver conhecimentos para existir e sobreviver. Assim, o momento atual diferencia-se dos anteriores pela colossal produção e disseminação de dados, nem sempre originais, acessíveis a todos ou mesmo confiáveis. O conhecimento distingue-se da mera informação na medida em que supõe uma intencionalidade ou um propósito, em cujo centro está a relação entre o sujeito que quer conhecer e o objeto a ser conhecido. Trata-se de um processo que envolve perceber, constatar, compreender e conceber, em diferentes modos — uma trajetória seguida, em ritmos diversos, pela ciência, pela arte e pela Filosofia.
Ressalte que as observações de Cortella podem ser um interessante complemento para a discussão dos problemas levantados por Stephen Kanitz. O articulista de VEJA sugere que os estudantes se concentrem na criatividade como um elemento gerador de conhecimento. Como capacidade humana, a criatividade está ligada à emergência de algo novo e original, mas que possa também constituir-se em soluções para a vida prática, incluindo aí a própria renovação das diferentes formas de saber. O exame das relações entre criatividade, informação e conhecimento certamente vai fazer aflorar idéias, experiências e concepções. Faça perguntas para orientar a discussão. O que os alunos entendem por conhecimento? E por informação? Podemos comparar uma obra concebida sob uma perspectiva bem definida, como a Encyclopédie iluminista, com as atuais enciclopédias on-line, que oferecem um enorme volume de informações nem sempre estruturadas? Os conhecimentos válidos são os oriundos da produção científica? Ou são aqueles que possuem algum tipo de utilidade prática? Existem outras formas de conhecimento originadas fora dos muros das universidades que sejam igualmente legítimas ou válidas? Quais? O que eles pensam a respeito dos conhecimentos gerados na escola, em especial na Educação Básica? Peça que descrevam situações ou experiências significativas em que a criatividade teve um papel importante. A seguir, sugira que a turma forme grupos e organize idéias em textos opinativos acerca do assunto.


2ª aula –

Proponha que os alunos pesquisem situações em que está em jogo o papel da criatividade na solução de problemas, na geração de resultados originais e na vivência coletiva ou individual. Sugira que eles procurem examinar grupos de diferentes idades, origens sociais e tradições culturais.
Um bom ponto de partida são as creches e escolas nas quais crianças convivem com jogos e brincadeiras. Destaque que essa vivência estimula os sentidos e desperta e criatividade e a imaginação, além de ajudar a desenvolver formas variadas de raciocínio. No entanto, muitos pesquisadores recomendam que os pequenos devem brincar por brincar, já que isso é próprio do universo infantil, e não com fins de aprendizagem. Esse ambiente descontraído e lúdico pode ser transportado para o Ensino Médio? Ele também cabe nas academias? E nas empresas? Para adensar a análise dessa questão, distribua cópias do quadro acima e encaminhe as atividades previstas nele. Vale a pena, ainda, orientar pesquisas que abordem exemplos de criatividade entre universitários, como a concepção e construção de robôs e protótipos de meios de transporte e a esquematização de sistemas administrativos - sem esquecer a atuação dos jovens que colocam seus conhecimentos a serviço de comunidades carentes. Para seus alunos Solte suas feras Observe com seus colegas a imagem abaixo, que retrata alguns jovens dançando. Sua escola desenvolve esse tipo de atividade? Mesmo que a resposta seja positiva, que tal vocês tomarem a iniciativa de implantar outras práticas capazes de tornar o ambiente mais descontraído e criativo? Verifique, com o grupo, quais brincadeiras, jogos e atividades de lazer poderiam ser realizados dentro do colégio. O leque é amplo e variado; abrange dança, teatro, mímica, esportes, competições de conhecimentos gerais especializadas na chamada “cultura inútil” e muito mais. O importante é que consigam envolver a moçada. E não pense que brincadeira é coisa de criança: pesquisas na área da psicopedagogia mostraram que elas diminuem o stress e a ansiedade e exercitam a criatividade, tão importante para o bom desempenho na faculdade e na vida profissional. Portanto, solte suas feras desde agora
Veja também
Bibliografia
Convite à Filosofia, Marilena Chauí, Ed. Áti

FILOSOFIA

1
Plano de Aula
Plaft! Soc! Bum! Pou!!
Ensino Médio
1º ao 3º ano
Objetivos: Refletir sobre o impacto da violência

dos desenhos animados sobre o indivíduo

Ciências Humanas e suas Tecnologias
Filosofia

Atitude filosófica e vida cotidianaA violência exagerada dos desenhos animados e dos filmes não é capaz de aumentar a agressividade dos espectadores
Este plano de aula está ligado à seguinte reportagem de VEJA:
Bichinhos legais
25 de novembro de 1998



Objetivos
Refletir sobre o impacto da violência dos desenhos animados sobre o indivíduo.

Introdução Acompanhe esta seqüência:
Luís, oito anos, assiste a um desenho animado na sala de casa.
Na tela, o Papa-Léguas atira um pesada bigorna, do alto de um penhasco, na cabeça do Coiote, seu eterno inimigo. Bip! Bip!
O pobre Coiote fica achatado como uma panqueca.
Luís arregala os olhos. Com um sorriso suspeito, pega um vaso de cima da mesa.
Sobe a escada vai até o berço em que dorme seu irmãozinho Pedro. PLOFT!!
A cabeça do bebê vira geléia.
A não ser que Luís fosse um perigoso psicopata-mirim, tal cena jamais aconteceria.
Considerar que tiros e sangue de mentira provocam ou reforçam o que acontece na vida real - como fazem os politicamente corretos - é uma forma simplista de explicar a violência da nossa sociedade. O ser humano, felizmente, é muito mais complexo do que insinuam esses psicologismos rasos. Coloque a questão em discussão na classe.
Texto de Apoio Nos anos 70, era moda estudar a influência dos programas infantis, desenhos animados e filmes na formação do cidadão. Não eram raras as pesquisas (na área da Psicologia Experimental) que expunham crianças a uma programação considerada violenta e logo após davam a essas cobaias um pedaço de pau e um boneco para checar se elas - influenciadas pelo programa - o malhariam. Ainda hoje há estudos que expõem adolescentes a filmes violentos e, logo após, pedem a eles que pratiquem um esporte, concluindo que o fazem de forma mais violenta. Tão caricaturais quanto filmes classe C, essas pesquisas reduzem a complexidade do psiquismo, sugerindo que o jovem é manipulável, sujeito a modelos mecanicistas. Para nossa sorte, o psiquismo humano é muito mais complexo do que um simples conjunto de causas e efeitos. Ele está sujeito à história de vida de cada um, ainda que dentro de uma mesma classe social ou faixa etária. Por isso, a violência caricatural dos personagens de desenhos animados e filmes não deve ser responsabilizada como causa ou facilitadora da violência real. Está certo que uma criança ou um adolescente, ao ver uma cena de violência, experimenta algumas vezes um processo catártico, ou seja, vê-se momentaneamente no papel da vítima ou do vilão. Isso não significa, entretanto, que eles vão incorporar os conteúdos da violência. É muito provável que essa "vivência" do papel da vítima ou do agressor seja saudável, já que os ajuda a elaborar seus próprios conteúdos agressivos. As crianças que assistem ao Tom (de Tom e Jerry) ser cortado em fatias ou achatado por um rolo compressor percebem que a violência está sendo tratada com fantasia e exagero. Trata-se de uma maneira de tornar acessível aquilo que, na realidade, é horrível até de se pensar, permitindo que a criança e o adolescente lidem com seus medos.
O mesmo papel cabe às histórias orais e aos livros que, analisados com os tais olhos "politicamente corretos", podem ser considerados tão "violentos" como os desenhos animados . O que talvez seja realmente sério nessa relação da criança e do adolescente com as programações diárias de televisão é o tempo em que ficam expostas a esquemas e modelos estéticos repetitivos. Talvez esse lazer indolente de deixar-se levar pela programação desse uma excelente (e séria) pesquisa: por que as crianças e jovens se deixam levar por tanta repetição? Não seria pelo fato de que o jovem, no final, necessite desses programas para lidar com uma violência sorrateira e mascarada imposta por um modo de vida competitivo e violento?

Atividades 1.
Organize um debate com a turma em que apareçam as seguintes questões: a violência exibida nos programas infantis e filmes tem o poder de transformar o telespectador infanto-juvenil em pessoa violenta? Ao viver a emoção simbólica da violência, o espectador poderia estar descarregando simbolicamente suas emoções negativas? Os filmes fazem mal pelas próprias cenas ou porque monopolizam a mente do espectador, que se deixa levar pela programação?

2. Para trabalhar com a linguagem dos desenhos animados, grave um deles em vídeo (sugestões: Beavis e Butt-Head, Os Simpsons, Frajola e Piu-Piu, Tom e Jerry) e peça aos alunos para destacarem a fábula (a história contada), o enredo (como foi contada) e os detalhes que, na opinão deles, atingem a emoção do público (riso, medo, expectativa etc.). Em seguida, inicie um exercício de observação dos seguintes elementos: a. Intertextualidade: a história lembra alguma outra? O autor partiu de alguma história já conhecida? b. Estereótipos e clichês: destaque dicotomias como o bem contra o mal, o esperto contra o bobo, o grandalhão contra o fraco. Clichês, como a bomba que estoura sempre na mão do vilão, certamente serão percebidos. c. Textualidade (estratégia da previsibilidade): aguce a capacidade de previsão da turma: tome um filme de ação, mostre as primeiras cenas e desligue a TV. Em seguida, pergunte a cada aluno como será o desfecho e por quê. Passe o restante do filme e confira as previsões. As fadas tinham dentes. E mordiam!

Histórias infantis nem sempre tiveram finais felizes, enredos cor-de-rosa e perdão para os vilões. Os mais famosos contos de fadas, originários da história oral da Idade Média e depois registrados pelos Irmãos Grimm, carregam em seus enredos cenas de arrepiar os cabelos de qualquer adulto. Os originais de O Pequeno Polegar, por exemplo, não omitem uma só gota de sangue jorrado das cinco meninas degoladas por engano pelo próprio pai, um malvado Ogro, que queria matar o Polegar e seus irmãos. A madrasta malvada de Branca de Neve é obrigada, no final da história, a vestir chinelos de ferro em brasa e dançar até morrer. Aliás, não foi por pena que os sete anões recolheram a jovem e pálida princesa que encontraram na floresta. Eles a julgaram a pessoa ideal para fazer os serviços da casa, como lavar suas roupas e preparar seu almoço. A meiga história de Cinderela também tem seus momentos de terror: sem conseguir vestir os pequenos e delicados sapatinhos, as irmãs más cortam com uma faca os dedos dos pés e os calcanhares. As pombas brancas, amigas da mocinha, denunciam a farsa ao princípe, quando vêem o fio de sangue que saía dos sapatinhos. No casamento de Cinderela, as mesmas pombinhas vingativas furam os olhos das duas, cegando-as para sempre. O realismo dessas histórias foi mantido e revisto várias vezes ao longo do tempo. Charles Perrault, por exemplo, autor que recontou vários contos de Grimm, adaptou-os ao gosto da aristocracia francesa do século XVII, abrandando as passagens mais cruas e criando desfechos felizes. De lá para cá, esse processo se acentuou chegando a distorcer profundamente os enredos originais. É o caso de Chapeuzinho Vermelho. Os Grimm descrevem com detalhes como o lobo mastiga a menina e sua avó. Perrault ameniza os detalhes das mortes, mas elas efetivamente acontecem. Na literatura moderna, aparece a figura do caçador, que salva as vítimas da mocarra do lobo e o mata.