segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Língua Portuguesa

O trabalho com textos
Para criar escritores e leitores competentes, o professor precisa levar para a sala de aula textos diversificados e de qualidade, desde a alfabetização. O desafio é colocar as crianças diante de situações reais de comunicação.
O que os Parâmetros propõem para o ensino de Língua Portuguesa?
O texto e a diversidade textual devem estar no centro do trabalho de alfabetização, de acordo com os PCN. É uma opção muito mais produtiva do que a do método tradicional, baseado no uso das cartilhas. A cartilha tem dois grandes problemas: o método é mecânico e desvinculado do cotidiano da criança. Por estar distante da realidade, o aprendizado tradicional da leitura e da escrita acaba perdendo o significado para as crianças, especialmente as das classes menos favorecidas, que têm um acesso mais restrito aos livros, jornais e revistas. A inadequação do método de alfabetização pode ser apontada como uma das causas dos elevados índices de repetência nas primeiras séries do ensino fundamental. A idéia dos PCN é a de que as capacidades de leitura e escrita são fundamentais para o exercício da cidadania e de que não é possível a criança concluir esse nível de ensino sem dominá-las completamente.
No caso dos conteúdos, o que a proposta sugere?
Os Parâmetros elegem o falar e o escutar como capacidades básicas a serem desenvolvidas, ao lado do ler e escrever, no ensino fundamental. Essas capacidades precisam ser desenvolvidas sempre em situações de aplicação verdadeira e significativa para os alunos. Isso quer dizer que é preciso trazer para a sala de aula o conhecimento do mundo, ou seja, que os alunos devem entrar em contato com o maior número possível de exemplos de escrita: nomes das placas de rua, automóveis, produtos nos supermercados, títulos das revistas nas bancas de jornais. São textos que têm uma utilidade real e um significado social.
Por que alfabetizar com textos é melhor?
Quando se parte de textos que dizem respeito à vida da criança, ela se sente estimulada a avançar em suas descobertas. O texto se transforma em um desafio, e não em uma ameaça. Compreendê-lo tem gosto de conquista. Assim, o processo de alfabetização vai se construindo naturalmente, a criança vai aos poucos ampliando o seu vocabulário e a compreensão do funcionamento da língua como estrutura viva, e não por meio de uma série de regras gramaticais. Durante muito tempo acreditou-se que o domínio do be-a-bá fosse indispensável para o ensino da língua. Hoje se sabe que o aprendizado da escrita alfabética não garante a compreensão e a produção de textos em linguagem escrita. Ensinar a escrever é muito mais tranqüilo no convívio com textos verdadeiros, em contextos nos quais leitores e escritores verdadeiros são confrontados com situações reais de comunicação.
O que significa o texto como unidade de ensino?
Até pouco tempo, a unidade básica do ensino de Língua Portuguesa era a letra ou, no máximo, a sílaba. Ensinava-se a juntar as sílabas para formar palavras, juntar palavras para formar frases e juntar frases para formar textos. Estes textos serviam apenas para "ensinar" a ler — eram textos para a escola, e não para a vida. Refletiam muito mais uma reunião de frases do que o conteúdo de uma idéia, uma função social. Mas se o objetivo é fazer a criança produzir e interpretar textos, o texto real e de qualidade deve nortear todo o trabalho em sala de aula. A idéia é que os professores fujam de textos simplistas que subestimam a inteligência infantil.
Qual é o papel da leitura nas classes de alfabetização?
De acordo com os PCN, a leitura é uma ferramenta essencial do conhecimento, pois a possibilidade de escrever bons textos tem origem na leitura. Também nessa questão, os Parâmetros reforçam a idéia de que não são quaisquer textos que vale a pena levar para a leitura em sala de aula. Mesmo tratando-se de crianças pequenas, que estão iniciando a alfabetização, os textos muito simplificados e facilitadores não despertam o interesse pela leitura. O melhor é que sejam interessantes, emocionantes, intrigantes. Afinal, durante um bom tempo o professor é o mediador e o animador da leitura em sala de aula.
O que muda no ensino de Língua Portuguesa, após a alfabetização?
Ainda hoje, muitos professores acreditam que ensinar Português é ensinar gramática. Os PCN vão contra essa idéia. De 1ª a 4ª série, o objetivo principal é formar leitores e crianças produtoras de textos. Ao final da 4ª série, espera-se que o aluno conheça ortografia e gramática, não como um amontoado de regras, mas como resultado da prática efetiva de leitura e escrita.
Os Parâmetros sugerem, por exemplo, que os professores montem projetos de leitura em sala de aula. Como começar?
Lendo e escrevendo junto com os alunos, propondo exercícios de reescrita dos textos lidos e correções em grupo dos erros cometidos. Assim, a criança descobre a língua a partir das questões que surgem na montagem dos textos. Vale lembrar que a quantidade de leitura e de escrita não é a mesma. Lemos muito mais do que escrevemos.
Quais são as dificuldades dos professores para seguir os PCN nessa área?
São dificuldades de ordem teórica, pois os Parâmetros fazem referência a uma série de discussões relativamente recentes que aconteceram na Lingüística. Muitos professores não tiveram acesso a essas descobertas, porque se formaram há mais tempo ou porque estudaram em faculdades que não deram atenção a esses novos conhecimentos. A situação é mais crítica de 5ª a 8ª série, pois nos últimos anos os sistemas de ensino investiram muito mais na formação dos professores de 1ª a 4ª série, em função dos altos índices de evasão e repetência registrados nessa fase.Em geral, o que aparece na escola ainda hoje é o velho esquema de emissor>código >receptor. Mas atualmente sabemos que é preciso muito mais do que um código comum para estabelecer comunicação, que esta só faz sentido se estiver inserida numa perspectiva histórica e social.
Fazer cursos de aperfeiçoamento a respeito dessas novas teorias é suficiente?
Em geral, não é. É preciso saber fazer a transposição didática da pesquisa, do contrário acaba-se caindo em certas armadilhas que apresentam o conteúdo de cara nova, enquanto a essência continua a mesma. Muitos livros didáticos até incorporam a diversidade textual — mostrando exemplos de propagandas, notícias de jornais, contos —, mas esse material acaba recebendo um mesmo tratamento pasteurizado, como se seu uso e sua finalidade fossem idênticos. Deve haver procedimentos de leitura mais complexos. Caso contrário, o leitor cai em um emaranhado de textos e o professor transmite a idéia de que boa leitura é aquela que se faz do começo ao fim e em que todas as palavras desconhecidas são procuradas no dicionário. É preciso explorar os diferentes modos de ler e também as diversas modalidades de escrita. O gênero e a finalidade de um texto são o que determina o uso de um certo estilo de redação. Uma carta para um amigo, por exemplo, é muito diferente de uma carta formal escrita para se pedir emprego. Assim como ambos os textos não têm nada em comum com um poema ou um texto argumentativo.
Mas a criança deixa de aprender gramática?
Existem várias gramáticas, embora a única escrita seja a da língua padrão. A pessoa que fala eu vou, tu vai, ele vai, nós vai está seguindo uma outra regra, que por sinal é muito parecida à do inglês, em que apenas a terceira pessoa do singular é diferente. A língua culta deveria ser ensinada como uma língua estrangeira, no sentido de que não se aprende uma língua esquecendo outra. Além disso, os PCN trabalham com a idéia de que escrever e falar são coisas diferentes, e de que não existe maneira certa ou errada de falar. Tanto que propõem a discussão em sala de aula dos preconceitos que há em torno das variedades, ou variantes, lingüísticas.
Meios de comunicação, como a televisão, atrapalham a criação de um hábito de leitura?
Não. Também é possível concluir, com os Parâmetros, que cinema e televisão não inibem o hábito da leitura. Claro que a existência desses veículos mudou a relação com a leitura. Por isso, é importante dialogar com esse meios. Indicar livros que tenham sido adaptados para o cinema ou a televisão é uma experiência rica e interessante, pois possibilita comparar diversas linguagens. O gosto pelo cinema não impede que ninguém seja um bom leitor.
Que outros procedimentos, além das linguagens oral e escrita, devem ser praticados?
Procedimento quer dizer saber fazer. Nesse sentido, existem técnicas que ajudam a tornar o próprio processo de ler e escrever mais fácil. Quando o aluno ainda não lê com autonomia, o professor deve ler junto com ele. Grafar e revisar os próprios textos é uma habilidade que perdurará pela vida afora. Saber falar, expor seu ponto de vista, argumentar e debater são capacidades que se adquirem e se aperfeiçoam com a prática.
Como os temas transversais são trabalhados em Língua Portuguesa?
Tudo começa com a constatação das variantes lingüísticas, ou seja, não existe uma única língua portuguesa, mas uma multiplicidade de modos de falar que convivem e refletem modos de viver, usos e desautoriza a linguagem que a criança traz de casa. É preciso combater o preconceito lingüístico da mesma forma que se combatem o preconceito racial, sexual, etário ou religioso. Ninguém pode ser discriminado por falar de um jeito diferente. Aliás, não é corrigindo o que não está de acordo com a norma-padrão que se aprende a falar e escrever segundo essa norma.O aprendizado acontece quando a criança tem acesso a livros para ler e quando ela se passa a participar de novos espaços sociais que exijam habilidades lingüísticas mais amplas. É preciso muito cuidado na hora de resgatar a linguagem que a criança traz de casa. Nada de querer corrigir o falar do Chico Bento. Trazer este exemplo para depois apresentá-lo como errado não ajuda nada. Pelo contrário, acaba reforçando o preconceito. Respeitar a pluralidade lingüística é respeitar a pluralidade.
E quanto aos demais temas transversais?
Não há como trabalhar a linguagem por meio de textos sem considerar outros temas. Para que as sutilezas de um texto se revelem, não basta entender o que está escrito, mas por que determinado texto foi escrito de uma ou de outra maneira. É o modo de ir revelando a postura ideológica que está por trás de cada texto. É a leitura crítica. O grande perigo nas discussões sobre os temas transversais é a língua portuguesa acabar se tornando coadjuvante. Por exemplo, numa discussão sobre meio ambiente, a desconstrução dos textos para verificar quais são os interesses a que eles estão servindo é o papel da língua. Não se pode deixar a discussão para as outras áreas e o relatório para o Português. Aliás, todas as áreas têm de se envolver com a leitura escrita. Ela é uma competência básica para todo cidadão, que deve saber que a linguagem nunca é neutra.
Qual deve ser a postura do professor?
Também no caso de Língua Portuguesa, é preciso respeitar o conhecimento anterior da criança, valorizar esse conhecimento e trabalhá-lo em situações reais de uso da escrita. Além disso, se o objetivo é construir uma comunidade de leitores, o professor precisa abrir mão da idéia de que controla tudo. O que passa pela cabeça de uma criança enquanto ela está com um livro diante de si pertence a ela. Em uma classe com 25 crianças, é possível que haja 25 interpretações diferentes para um mesmo texto. E elas precisam ter essa liberdade, sem que o professor se preocupe em fazê-las aceitar a interpretação dele, que considera a mais adequada.
Como trabalhar os conteúdos de Língua Portuguesa no pós-alfabetização?
Muitos professores hoje têm dificuldade em organizar os conteúdos de Língua Portuguesa no pós-alfabetização, pois ficam confusos sobre o que e como trabalhar, já que não existe mais a ênfase no ensino da gramática. Mas o que eles precisam ter claro é que os conceitos gramaticais são apreendidos por meio da prática dos procedimentos de ler e escrever. Para formar escritores competentes, é preciso apresentar à criança bons autores, em diferentes gêneros. O aconselhável é sempre mesclar os gêneros para não excluir os alunos que não se adaptam a um determinado gênero, mas se dão muito bem nos demais.
O que muda na avaliação de Língua Portuguesa com os PCN?
Eles propõem que se avalie o processo de aprendizado, e não um ou outro resultado isoladamente. Existe um grande risco de que o professor crie a expectativa de que o aluno produza textos tão bons quanto os que lhe foram apresentados como modelos. Uma maneira de evitar esse risco é pedir aos alunos que produzam textos sempre que forem iniciar um conteúdo novo. Assim, o professor faz um diagnóstico do que os alunos já conhecem. Depois de trabalhar com bons autores, uma nova produção poderá avaliar o quanto as crianças avançaram. Dessa forma, é possível ser mais justo e objetivo.
Amanhã matemática.....BOA NOITE
Parâmetros Curriculares

Os PCN de 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental
desdobram-se em documentos específicos para cada uma das diferentes disciplinas.
Em todos eles, a preocupação central é transformar o ensino em algo significativo,
repleto de informações que instrumentem os alunos para a vida,
ajudando-os a construir e criar seu próprio conhecimento.
Aqui você encontra uma síntese dos principais conceitos.
Língua Portuguesa
Matemática
Temas Transversais
Ciências Naturais
História
Geografia
Artes
Educação Física





" O professor é o espelho para seus alunos,


quando sua imagem gera transparência do seu conhecimento,
o reflexo é uma educação sadia e produtiva "
(Profª Cacilda)

IMAGEM DO PROFESSOR
Os conceitos de cidadania, solidariedade, companheirismo etc., são metas a serem alcançadas do ponto de vista formativo.O conceito de cidadania a ser incorporado pelos alunos será trabalhado, inicialmente, mediante a valorização da imagem do professor, ser humano pleno de defeitos e virtudes. Mas isso não vem ao caso quando se trata de educar. O professor deve ter a imagem de educador. Evidentemente, não terá a imagem de educador aquele que:

a) não respeita seus alunos como seres em formação, sujeitos, pois, a uma série de atitudes contraditórias, quase sempre interpretadas à luz de velhos preconceitos;

b) falta, excessivamente, às aulas levando os alunos a uma falsa imagem do coletivo docente. Inassiduidade, que provoca a ociosidade dos alunos ao longo do ano letivo. A freqüência irregular do professor gera problemas de toda ordem na escola, desde a descontinuidade do processo pedagógico a distorções do conceito de cidadania, ou seja, a negação do direito de o aluno receber um ensino de qualidade. Gera o desprestígio da escola junto à comunidade e à idéia de que as aulas não têm qualquer importância. Muitos professores poderão alegar que não faltam por vontade própria, mas por motivos plenamente justificados. Nesse caso, o coletivo deverá formular propostas, que possam minimizar, ou mesmo superar, o problema da inassiduidade, de tal maneira que não haja prejuízo aos alunos ;

c) não valoriza o trabalho do aluno, preferindo o silêncio ou a recriminação face aos tropeços deste ou daquele discente. Os alunos precisam de incentivo e estímulo. O elogio do professor gera entusiasmo e segurança entre eles. Toda e qualquer realização do aluno deve ser elogiada. A recriminação às realizações do discente deve ser banida da sala de aula, pois gera insegurança e desânimo entre os menos dotados.


O educador sensato:
Em sua disciplina, estabelecerá metas a serem alcançadas com os conteúdos "significativos" que vai ministrar. Leve-se em conta que, fundamentalmente, o aluno deve ser levado a "aprender a apreender" ou seja, deve ser levado a incorporar "habilidades". A meta ligada à incorporação de habilidades pelos alunos deve ser inegociável, posto que, constitui o principal fundamento da aprendizagem:
Desenvolver habilidades em Língua Portuguesa significará dotar o aluno da capacidade de se exprimir por escrito e oralmente com correção, interpretar textos, etc; o que o habilitará ao bom desempenho em outras disciplinas. Mas, para a consecução dessa meta, será necessária uma série de ações que o professor de Língua Portuguesa deverá por em prática, quais sejam: programas de leitura, redações com auto-avaliação do aluno a partir de um texto escolhido aleatoriamente entre os alunos, que o professor irá discutindo com as classes, eventuais falhas apresentadas naquela redação, estímulo à escrita com sistemáticos concursos literários, a elaboração do jornal da classe ou da escola entre outras ações que o professor poderá criar para fazer com que o aluno exercite a Língua Pátria. Essas ações deverão ser avaliadas, sistematicamente, para que o professor possa perceber os progressos alcançados pelos alunos;
Desenvolver habilidades em geografia e história significará dotar o aluno do espírito crítico e compreensão da realidade que o cerca e isso se conseguirá a partir de debates de temas sociais, econômicos políticos e culturais vinculados aos conteúdos, extrapolando-os para os grandes problemas nacionais e internacionais do momento dos quais o discente tem algum conhecimento pelas informações obtidas nos meios de comunicação;
Desenvolver habilidades em educação artística significará levar o aluno a compreender e sensibilizar-se com manifestações vinculadas à música (popular e erudita) e que será incutida por constantes audições, apreciação das artes plásticas (pintura, escultura e arquitetura) nas quais o professor seja capaz de revelar ao aluno as características dessas obras.
O mesmo procedimento será levado a efeito, em nível de habilidades, nas demais disciplinas
Dentre as metas essenciais a serem estabelecidas pelo Educador, será relevante a que se refere à aula com começo, meio e fim, para se obter uma aprendizagem concreta dos conceitos básicos dos conteúdos, por meio de estratégias motivadoras, que levem o aluno a se interessar pelo que está sendo ministrado. Explicar ao aluno o sentido e a importância desses conteúdos (inserido tanto quanto possível na realidade e vivências do discente), será fundamental.


"O Plano da Escola deve assegurar

educação de qualidade para os

membros da comunidade escolar".

A PRODUÇÃO DE UM PLANO ESCOLAR
As orientações a seguir possuem a finalidade de viabilizar a produção de um Plano Participativo, por meio da resolução de problemas levantados no dia-a-dia da escola. Mais que a apresentação de um método de planejamento, este roteiro tem a intenção de refletir sobre uma das inúmeras formas de possibilitar a participação planejada de todos os segmentos na unidade escolar, sendo aceitável, desta forma, modificações em sua estrutura de modo a facilitar sua aplicabilidade.

Proposta Pedagógica Escolar e Plano Escolar
A Proposta Pedagógica (ou Projeto Pedagógico) é o documento que define as intenções da escola, em realizar um trabalho de qualidade. O Plano de Escola diz respeito à execução dessas intenções.
Tanto a Proposta Pedagógica, como o Plano de Escola, dela decorrente, devem resultar de um desejo coletivo, ou seja, obra de todos os que militam na escola. É algo que se vai construindo aos poucos. Para a consecução desse desejo coletivo, será preciso que a comunidade docente assuma realmente o seu papel interagindo para alcançar as metas que estabeleceu e pretende alcançar. Abandonar a perseguição das metas estabelecidas pelo coletivo, ao meio do caminho é o primeiro passo para o malogro do Projeto. O Plano de Escola(Plano Diretor) é um documento para muitos anos, que se vai remodelando após sistemáticas avaliações.
Assim, na elaboração da Proposta Pedagógica, é preciso reflexão profunda sobre o que se vai fazer e como será feito o trabalho, reflexão essa fundada no diagnóstico da escola no qual levar-se-á em consideração:
1. Que funcionou e que não funcionou no ano anterior, quanto ao planejado?Essa questão deverá estar muita bem explicitada entre os professores, durante o planejamento, posto que se constituirá em pedra de toque para a organização da Proposta Pedagógica, origem das grandes linhas para o Plano Escolar e o verdadeiro trabalho coletivo. Faz-se necessária à realização de uma discussão franca e honesta do coletivo, sobre os acertos e as falhas, sem subterfúgios, uma vez pretenderem todos uma melhoria do trabalho em sala de aula.
Perguntas pertinentes: a) Com que clientela a escola trabalha?De acordo com os dados coletados saber-se-á a origem sócio-econômica das famílias e sua expectativa em relação à escola e às carências intelectuais entre grupos de alunos, que precisarão ser levadas em conta para recuperar, minimamente, as defasagens de aprendizado desses discentes ao se elaborar o planejamento dos conteúdos.- Que alunos apresentam deficiências crônicas?- Que alunos foram promovidos com profundas defasagens no ano de 99.- Que a escola fez, no ano anterior, por esses alunos?- Que fará com eles neste ano?- Conhecemos realmente o "novo" aluno da escola pública?
b) Análise dos dados de aproveitamento de cada série (avaliação interna). Essa confrontação é relevante no sentido de discutir com o corpo docente as diferenças entre avaliações. Refletir o coletivo sobre tão profundas diferenças de aproveitamento poderá levar a respostas, apontando pistas para mudanças qualitativas no processo pedagógico da unidade.
Eis as primeiras questões a serem respondidas pelo coletivo ao iniciar a elaboração da Proposta Pedagógica. Fica claro que, os alunos promovidos com defasagens profundas devem ter um tratamento especial para que recuperem ainda que, minimamente, os conteúdos significativos não apreendidos. Em função dessas defasagens, seria interessante a Proposta Pedagógica prever a recuperação paralela desses alunos desde o início do ano.

2. Construir o trabalho coletivo – meta fundamental - Conceituação do trabalho coletivo
O que se nota de maneira geral nas escolas é um trabalho individualizado, de tal maneira que cada professor o realiza isoladamente, não sabendo cada um o que os demais estão fazendo, mesmo os da mesma série ou disciplina.
Perguntas pertinentes:
a) O que se entende por trabalho coletivo?
b) Seria possível um trabalho otimizado sem a cooperação de todos?
Trabalho coletivo significa, pois a integração de todos os docentes, ajudando-se mutuamente em direção a objetivos bem definidos em busca de um trabalho de qualidade em todas as disciplinas. Efetivamente, o trabalho coletivo não é algo que se desenvolve espontaneamente. Serão necessários mecanismos de controle das ações para se chegar à qualidade de ensino estabelecida pelo grupo. Controle esse que será exercido nas Htpcs, balizando as etapas a serem vencidas.


3. Como trabalhará o coletivo?Buscará elevar o nível de aprendizagem de acordo com as possibilidades e ritmo de cada grupo de alunos em todas as disciplinas (meta importantíssima e inegociável).

4. Como elevar o nível de aprendizagem?Por meio:
a) fundamentalmente, do desenvolvimento de "habilidades" entre os alunos que explicitaremos, mais detalhadamente, ao analisarmos as metas a serem alcançadas;
b) de conteúdos mínimos significativos, nos quais fiquem expressos os conceitos básicos de cada unidade de estudo das disciplinas. Esse trabalho implicará na reflexão do docente sobre o planejamento dos conteúdos com base no diagnóstico das séries.
c) da aproximação das vivências dos alunos com esses conteúdos, tanto quanto possível, aproveitando as informações, que eles absorvem dos meios de comunicação escritos e televisivos, de seu ambiente e do ambiente escolar, etc;
d) de aulas bem preparadas com começo, meio e fim, na qual o aluno tenha claro o que vai apreender (objetivos – que não devem ser muitos) e o sentido desse conteúdo. Aulas que tenham um mínimo de motivação para não entediar os alunos. Aulas improvisadas ou não preparadas, com utilização intensiva do livro didático é o primeiro passo para o tédio do aluno e os conflitos com o professor. Uma das alternativas para levar os professores a prepararem suas aulas seria reservar um espaço nas HTPCs para fazê-los relacionar conteúdos, objetivos e estratégias, que serão utilizadas durante a semana. Seria uma forma de o corpo docente e a coordenação exercerem ações de controle sobre o que projetaram, durante o planejamento, tanto do ponto de vista da Proposta Pedagógica como do Plano Escolar;
e) do diálogo constante com os alunos, mesmo com os mais rebeldes, valorizando suas realizações mais irrelevantes no sentido de elevar-lhes a auto-estima; buscar compreender-lhes os problemas. Criar formas de valorizar o aluno rebelde é dar-lhe funções específicas durante a aula, como, por exemplo, secretariá-la, anotando no quadro negro algumas passagens sobre o conteúdo que o professor está expondo; fazê-los coordenar o trabalho de grupo, quando se tratar de atividade em equipe entre outras ações que o professor poderá criar para fazer com que esse aluno se sinta útil (Excluídas fiscalizações sobre colegas que não estão realizando tarefas, anotações sobre os mais falantes da classe etc. Ações essas altamente deseducativas, mas muito usadas por alguns professores, mormente no Ciclo 1);
f) do trabalho em equipe, no qual os grupos tenham sempre que resolver algum problema proposto pelo professor. Formar grupos para realizar trabalhos que não exijam reflexão e descoberta não tem nenhum sentido e não leva a nada;
g) de pesquisa baseada em bibliografia específica, que não seria uma simples reprodução de informações contidas em jornais, revistas, enciclopédias, dicionários e manuais. A pesquisa só tem sentido se resultar em descoberta para o aluno. Por outro lado, não tem sentido o professor determinar pesquisas, se ele próprio ignora a fundamentação delas;
h) de aulas (mormente, nas áreas de ciências humanas), nas quais se desenvolvam discussões políticas, sociais, econômicas e culturais, através de painéis de discussão, seminários (aproveitando noticiários de televisão, de jornais e de revistas) sobre temas que incutam no aluno o conceito de cidadania e valores (direitos e deveres, preservação do meio ambiente, respeito pelo patrimônio público, solidariedade, sexualidade, etc. - (temas transversais);
i) da integração das disciplinas, demonstrando as relações entre os conteúdos, ou seja, a integração das disciplinas a partir de um tema específico (interdisciplinaridade).
j) da demonstração de que o professor gosta de seus alunos, expressa pelo diálogo e pela afetividade para com eles. O bom relacionamento professor-aluno é o primeiro passo para o aprendizado. Nem sempre é fácil lidar com determinados discentes, todavia mesmo o aluno rebelde respeita o professor competente e afetivo;
k) Do entrosamento família-escola, ajudando-se mutuamente, principalmente naquilo que os pais podem fazer quanto ao estudo do aluno em casa e no cumprimento das tarefas escolares (preocupação em enviar o aluno à escola com o material necessário às aulas, estabelecimento de horas específicas de estudo em casa). Sabe-se que os alunos, costumeiramente, não trazem material para as aulas. Nesse aspecto, algumas assembléias de pais, convocadas pela direção, ao longo do ano, com o comparecimento dos professores contribuiriam para esse entrosamento.
Dificilmente, haverá integração escola-comunidade, se o coletivo docente não se habituar a trocar idéias com os pais.
A falta de entrosamento, entre pais e professores, debatendo democraticamente os fatos escolares, determina um certo receio dos docentes em comparecer a essas reuniões, quase sempre realizadas pela iniciativa de muitos diretores interessados nessa integração. É preciso acabar com essa separação pais-professores.
Nenhum Projeto Pedagógico terá sucesso sem a integração escola-comunidade;
l) de atividades extraclasse: confecção do jornal da escola (elaborado nos computadores); visitas a museus; concursos literários; assistência a peças de teatro na escola ou fora dela, que poderá ensejar a criação de grupos de teatro na unidade; campeonatos interclasses, entre outras que poderão ser sugeridas durante o planejamento.
Como se pode observar, uma série de metas estão delineadas na exposição acima. Cada escola terá suas peculiaridades e as metas a serem estabelecidas a partir da Proposta Pedagógica, deverão estar em consonância com suas características, (sua realidade). Deve-se estabelecer metas factíveis de serem alcançadas pela escola e pelos professores, individualmente, e que não deverão ser muitas.



"Mais do que conhecer um método de planejamento,

aquele que planeja,

deve possuir um bom conhecimento da

realidade a ser planejada".

(Emilia Ferreiro)


PLANEJAMENTO: PROCESSO DE TRABALHO COLETIVO


O planejamento para a educação em uma escola pública marca-se por influências "externas" e "internas" a seus muros.Torna-se, hoje, cada vez mais difícil entendermos o que se passa na escola, se desconhecemos as políticas internacionais voltadas à educação, em especial as teorias ditadas por organismos internacionais de financiamento, como o Banco Mundial, e sua política de privatizações
As novas legislações como a Emenda 14, a nova LDB, entre outras, também devem ser consideradas para a compreensão da realidade escolar, pois estas legislações "determinam" a forma de organizar e de fazer a educação em nosso país.
As políticas implementadas pelos diferentes níveis de governo também devem ser consideradas uma importante fonte de influência no planejamento, pois, ao instituir e propor o programa TV Escola e os Parâmetros Curriculares Nacionais (Pcns), a esfera federal fez-se presente praticamente em todas as unidades escolares da nação. No âmbito estadual, o programa de Reorganização das Escolas afetou a educação do Estado de São Paulo, influenciando, ainda a organização do sistema municipal de ensino, particularmente, no que se refere à distribuição de alunos. Na esfera municipal, a influência advém das várias formas de entender e implementar a municipalização do ensino fundamental instituída com o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério. Enfim, é preciso deixar claro que a escola é influenciada por diferentes fatores além-muros, sendo de fundamental importância à compreensão do significado desses fatores para o dia-a-dia da escola.
Além dessas influências "externas", a escola é também influenciada por fatores advindos de sua "realidade particular", exigindo que os agentes sociais presentes em seu cotidiano façam uma análise desse mesmo cotidiano. Pensando que "cada caso é um caso", temos que ter clareza da necessidade de conhecermos o que realmente está se passando em nossa unidade escolar.
Vejamos se, mediante um exemplo, essa idéia fica mais clara. Suponhamos três escolas: A, B e C. Apesar de a violência ser comum às três escolas, cada uma delas poderá sofrer o mesmo problema de forma distinta, ou seja, na escola "A", a violência é causada especialmente por gangues de rua, que buscam refúgio na escola, na escola "B", a violência é decorrente de brigas geradas por alunos de diferentes bairros que disputam poder no espaço escolar, na escola "C", o clima agressivo entre os diferentes segmentos da escola é gerado pela forma autoritária, pela qual a direção está conduzindo a escola.
Estamos entendendo autonomia escolar como um sistema de relações, conforme nos explica Barroso (1998): "A autonomia é um conceito relacional (somos sempre autônomos de alguém ou de alguma coisa) pelo que a sua acessão se exerce sempre num contexto de interdependências e num sistema de relações. A autonomia é, também um conceito que exprime um certo grau de relatividade: somos, mais ou menos, autônomos; podemos ser autônomos em relação a umas coisas e não o ser em relação a outras".


"A autonomia é, por isso, uma maneira de gerir, orientar, as diversas dependências em que os indivíduos e os grupos se encontram no seu meio biológico ou social, de acordo com as suas próprias leis".
O conhecimento da realidade escolar passa a ser uma exigência no processo de planejamento. A participação é o melhor caminho para conhecer a realidade escolar, pois a escola analisada pelo pai não corresponde necessariamente à escola vista pelo professor, bem como pode não refletir as análises dos outros membros presentes no dia-a-dia da escola, funcionários, alunos e especialistas. Por meio da participação e do debate democrático, somente, será possível o encontro de pontos comuns aos vários segmentos, das várias "realidades" presentes na escola, que deverão ser contemplados no processo de planejamento escolar.
A participação possibilita a incorporação dos vários significados que a escola possui por parte dos diferentes segmentos que vivenciam a realidade escolar. A escola deixa de ser do governo, do diretor, do funcionário, do professor, do pai, do aluno e passa a carregar simbolicamente um pouco de todos. A participação deve ser entendida como um processo de aprendizagem que demanda um tempo e um esforço de todos aqueles preocupados com a formação do cidadão. Nesse sentido, é preciso pensar em uma forma de planejar a escola de modo que se possibilite a participação de todos nas decisões sobre os seus rumos.
cacilda 21:39
Projeto Escolar

"Todo profissional deve querer saber sempre mais,
se não há inquietude, repetimos coisas que podem estar ultrapassadas...
o que era válido há vinte anos não continua necessariamente bom hoje”.

(Emilia Ferreiro)