segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009




"Mais do que conhecer um método de planejamento,

aquele que planeja,

deve possuir um bom conhecimento da

realidade a ser planejada".

(Emilia Ferreiro)


PLANEJAMENTO: PROCESSO DE TRABALHO COLETIVO


O planejamento para a educação em uma escola pública marca-se por influências "externas" e "internas" a seus muros.Torna-se, hoje, cada vez mais difícil entendermos o que se passa na escola, se desconhecemos as políticas internacionais voltadas à educação, em especial as teorias ditadas por organismos internacionais de financiamento, como o Banco Mundial, e sua política de privatizações
As novas legislações como a Emenda 14, a nova LDB, entre outras, também devem ser consideradas para a compreensão da realidade escolar, pois estas legislações "determinam" a forma de organizar e de fazer a educação em nosso país.
As políticas implementadas pelos diferentes níveis de governo também devem ser consideradas uma importante fonte de influência no planejamento, pois, ao instituir e propor o programa TV Escola e os Parâmetros Curriculares Nacionais (Pcns), a esfera federal fez-se presente praticamente em todas as unidades escolares da nação. No âmbito estadual, o programa de Reorganização das Escolas afetou a educação do Estado de São Paulo, influenciando, ainda a organização do sistema municipal de ensino, particularmente, no que se refere à distribuição de alunos. Na esfera municipal, a influência advém das várias formas de entender e implementar a municipalização do ensino fundamental instituída com o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério. Enfim, é preciso deixar claro que a escola é influenciada por diferentes fatores além-muros, sendo de fundamental importância à compreensão do significado desses fatores para o dia-a-dia da escola.
Além dessas influências "externas", a escola é também influenciada por fatores advindos de sua "realidade particular", exigindo que os agentes sociais presentes em seu cotidiano façam uma análise desse mesmo cotidiano. Pensando que "cada caso é um caso", temos que ter clareza da necessidade de conhecermos o que realmente está se passando em nossa unidade escolar.
Vejamos se, mediante um exemplo, essa idéia fica mais clara. Suponhamos três escolas: A, B e C. Apesar de a violência ser comum às três escolas, cada uma delas poderá sofrer o mesmo problema de forma distinta, ou seja, na escola "A", a violência é causada especialmente por gangues de rua, que buscam refúgio na escola, na escola "B", a violência é decorrente de brigas geradas por alunos de diferentes bairros que disputam poder no espaço escolar, na escola "C", o clima agressivo entre os diferentes segmentos da escola é gerado pela forma autoritária, pela qual a direção está conduzindo a escola.
Estamos entendendo autonomia escolar como um sistema de relações, conforme nos explica Barroso (1998): "A autonomia é um conceito relacional (somos sempre autônomos de alguém ou de alguma coisa) pelo que a sua acessão se exerce sempre num contexto de interdependências e num sistema de relações. A autonomia é, também um conceito que exprime um certo grau de relatividade: somos, mais ou menos, autônomos; podemos ser autônomos em relação a umas coisas e não o ser em relação a outras".


"A autonomia é, por isso, uma maneira de gerir, orientar, as diversas dependências em que os indivíduos e os grupos se encontram no seu meio biológico ou social, de acordo com as suas próprias leis".
O conhecimento da realidade escolar passa a ser uma exigência no processo de planejamento. A participação é o melhor caminho para conhecer a realidade escolar, pois a escola analisada pelo pai não corresponde necessariamente à escola vista pelo professor, bem como pode não refletir as análises dos outros membros presentes no dia-a-dia da escola, funcionários, alunos e especialistas. Por meio da participação e do debate democrático, somente, será possível o encontro de pontos comuns aos vários segmentos, das várias "realidades" presentes na escola, que deverão ser contemplados no processo de planejamento escolar.
A participação possibilita a incorporação dos vários significados que a escola possui por parte dos diferentes segmentos que vivenciam a realidade escolar. A escola deixa de ser do governo, do diretor, do funcionário, do professor, do pai, do aluno e passa a carregar simbolicamente um pouco de todos. A participação deve ser entendida como um processo de aprendizagem que demanda um tempo e um esforço de todos aqueles preocupados com a formação do cidadão. Nesse sentido, é preciso pensar em uma forma de planejar a escola de modo que se possibilite a participação de todos nas decisões sobre os seus rumos.
cacilda 21:39