segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009



"O Plano da Escola deve assegurar

educação de qualidade para os

membros da comunidade escolar".

A PRODUÇÃO DE UM PLANO ESCOLAR
As orientações a seguir possuem a finalidade de viabilizar a produção de um Plano Participativo, por meio da resolução de problemas levantados no dia-a-dia da escola. Mais que a apresentação de um método de planejamento, este roteiro tem a intenção de refletir sobre uma das inúmeras formas de possibilitar a participação planejada de todos os segmentos na unidade escolar, sendo aceitável, desta forma, modificações em sua estrutura de modo a facilitar sua aplicabilidade.

Proposta Pedagógica Escolar e Plano Escolar
A Proposta Pedagógica (ou Projeto Pedagógico) é o documento que define as intenções da escola, em realizar um trabalho de qualidade. O Plano de Escola diz respeito à execução dessas intenções.
Tanto a Proposta Pedagógica, como o Plano de Escola, dela decorrente, devem resultar de um desejo coletivo, ou seja, obra de todos os que militam na escola. É algo que se vai construindo aos poucos. Para a consecução desse desejo coletivo, será preciso que a comunidade docente assuma realmente o seu papel interagindo para alcançar as metas que estabeleceu e pretende alcançar. Abandonar a perseguição das metas estabelecidas pelo coletivo, ao meio do caminho é o primeiro passo para o malogro do Projeto. O Plano de Escola(Plano Diretor) é um documento para muitos anos, que se vai remodelando após sistemáticas avaliações.
Assim, na elaboração da Proposta Pedagógica, é preciso reflexão profunda sobre o que se vai fazer e como será feito o trabalho, reflexão essa fundada no diagnóstico da escola no qual levar-se-á em consideração:
1. Que funcionou e que não funcionou no ano anterior, quanto ao planejado?Essa questão deverá estar muita bem explicitada entre os professores, durante o planejamento, posto que se constituirá em pedra de toque para a organização da Proposta Pedagógica, origem das grandes linhas para o Plano Escolar e o verdadeiro trabalho coletivo. Faz-se necessária à realização de uma discussão franca e honesta do coletivo, sobre os acertos e as falhas, sem subterfúgios, uma vez pretenderem todos uma melhoria do trabalho em sala de aula.
Perguntas pertinentes: a) Com que clientela a escola trabalha?De acordo com os dados coletados saber-se-á a origem sócio-econômica das famílias e sua expectativa em relação à escola e às carências intelectuais entre grupos de alunos, que precisarão ser levadas em conta para recuperar, minimamente, as defasagens de aprendizado desses discentes ao se elaborar o planejamento dos conteúdos.- Que alunos apresentam deficiências crônicas?- Que alunos foram promovidos com profundas defasagens no ano de 99.- Que a escola fez, no ano anterior, por esses alunos?- Que fará com eles neste ano?- Conhecemos realmente o "novo" aluno da escola pública?
b) Análise dos dados de aproveitamento de cada série (avaliação interna). Essa confrontação é relevante no sentido de discutir com o corpo docente as diferenças entre avaliações. Refletir o coletivo sobre tão profundas diferenças de aproveitamento poderá levar a respostas, apontando pistas para mudanças qualitativas no processo pedagógico da unidade.
Eis as primeiras questões a serem respondidas pelo coletivo ao iniciar a elaboração da Proposta Pedagógica. Fica claro que, os alunos promovidos com defasagens profundas devem ter um tratamento especial para que recuperem ainda que, minimamente, os conteúdos significativos não apreendidos. Em função dessas defasagens, seria interessante a Proposta Pedagógica prever a recuperação paralela desses alunos desde o início do ano.

2. Construir o trabalho coletivo – meta fundamental - Conceituação do trabalho coletivo
O que se nota de maneira geral nas escolas é um trabalho individualizado, de tal maneira que cada professor o realiza isoladamente, não sabendo cada um o que os demais estão fazendo, mesmo os da mesma série ou disciplina.
Perguntas pertinentes:
a) O que se entende por trabalho coletivo?
b) Seria possível um trabalho otimizado sem a cooperação de todos?
Trabalho coletivo significa, pois a integração de todos os docentes, ajudando-se mutuamente em direção a objetivos bem definidos em busca de um trabalho de qualidade em todas as disciplinas. Efetivamente, o trabalho coletivo não é algo que se desenvolve espontaneamente. Serão necessários mecanismos de controle das ações para se chegar à qualidade de ensino estabelecida pelo grupo. Controle esse que será exercido nas Htpcs, balizando as etapas a serem vencidas.


3. Como trabalhará o coletivo?Buscará elevar o nível de aprendizagem de acordo com as possibilidades e ritmo de cada grupo de alunos em todas as disciplinas (meta importantíssima e inegociável).

4. Como elevar o nível de aprendizagem?Por meio:
a) fundamentalmente, do desenvolvimento de "habilidades" entre os alunos que explicitaremos, mais detalhadamente, ao analisarmos as metas a serem alcançadas;
b) de conteúdos mínimos significativos, nos quais fiquem expressos os conceitos básicos de cada unidade de estudo das disciplinas. Esse trabalho implicará na reflexão do docente sobre o planejamento dos conteúdos com base no diagnóstico das séries.
c) da aproximação das vivências dos alunos com esses conteúdos, tanto quanto possível, aproveitando as informações, que eles absorvem dos meios de comunicação escritos e televisivos, de seu ambiente e do ambiente escolar, etc;
d) de aulas bem preparadas com começo, meio e fim, na qual o aluno tenha claro o que vai apreender (objetivos – que não devem ser muitos) e o sentido desse conteúdo. Aulas que tenham um mínimo de motivação para não entediar os alunos. Aulas improvisadas ou não preparadas, com utilização intensiva do livro didático é o primeiro passo para o tédio do aluno e os conflitos com o professor. Uma das alternativas para levar os professores a prepararem suas aulas seria reservar um espaço nas HTPCs para fazê-los relacionar conteúdos, objetivos e estratégias, que serão utilizadas durante a semana. Seria uma forma de o corpo docente e a coordenação exercerem ações de controle sobre o que projetaram, durante o planejamento, tanto do ponto de vista da Proposta Pedagógica como do Plano Escolar;
e) do diálogo constante com os alunos, mesmo com os mais rebeldes, valorizando suas realizações mais irrelevantes no sentido de elevar-lhes a auto-estima; buscar compreender-lhes os problemas. Criar formas de valorizar o aluno rebelde é dar-lhe funções específicas durante a aula, como, por exemplo, secretariá-la, anotando no quadro negro algumas passagens sobre o conteúdo que o professor está expondo; fazê-los coordenar o trabalho de grupo, quando se tratar de atividade em equipe entre outras ações que o professor poderá criar para fazer com que esse aluno se sinta útil (Excluídas fiscalizações sobre colegas que não estão realizando tarefas, anotações sobre os mais falantes da classe etc. Ações essas altamente deseducativas, mas muito usadas por alguns professores, mormente no Ciclo 1);
f) do trabalho em equipe, no qual os grupos tenham sempre que resolver algum problema proposto pelo professor. Formar grupos para realizar trabalhos que não exijam reflexão e descoberta não tem nenhum sentido e não leva a nada;
g) de pesquisa baseada em bibliografia específica, que não seria uma simples reprodução de informações contidas em jornais, revistas, enciclopédias, dicionários e manuais. A pesquisa só tem sentido se resultar em descoberta para o aluno. Por outro lado, não tem sentido o professor determinar pesquisas, se ele próprio ignora a fundamentação delas;
h) de aulas (mormente, nas áreas de ciências humanas), nas quais se desenvolvam discussões políticas, sociais, econômicas e culturais, através de painéis de discussão, seminários (aproveitando noticiários de televisão, de jornais e de revistas) sobre temas que incutam no aluno o conceito de cidadania e valores (direitos e deveres, preservação do meio ambiente, respeito pelo patrimônio público, solidariedade, sexualidade, etc. - (temas transversais);
i) da integração das disciplinas, demonstrando as relações entre os conteúdos, ou seja, a integração das disciplinas a partir de um tema específico (interdisciplinaridade).
j) da demonstração de que o professor gosta de seus alunos, expressa pelo diálogo e pela afetividade para com eles. O bom relacionamento professor-aluno é o primeiro passo para o aprendizado. Nem sempre é fácil lidar com determinados discentes, todavia mesmo o aluno rebelde respeita o professor competente e afetivo;
k) Do entrosamento família-escola, ajudando-se mutuamente, principalmente naquilo que os pais podem fazer quanto ao estudo do aluno em casa e no cumprimento das tarefas escolares (preocupação em enviar o aluno à escola com o material necessário às aulas, estabelecimento de horas específicas de estudo em casa). Sabe-se que os alunos, costumeiramente, não trazem material para as aulas. Nesse aspecto, algumas assembléias de pais, convocadas pela direção, ao longo do ano, com o comparecimento dos professores contribuiriam para esse entrosamento.
Dificilmente, haverá integração escola-comunidade, se o coletivo docente não se habituar a trocar idéias com os pais.
A falta de entrosamento, entre pais e professores, debatendo democraticamente os fatos escolares, determina um certo receio dos docentes em comparecer a essas reuniões, quase sempre realizadas pela iniciativa de muitos diretores interessados nessa integração. É preciso acabar com essa separação pais-professores.
Nenhum Projeto Pedagógico terá sucesso sem a integração escola-comunidade;
l) de atividades extraclasse: confecção do jornal da escola (elaborado nos computadores); visitas a museus; concursos literários; assistência a peças de teatro na escola ou fora dela, que poderá ensejar a criação de grupos de teatro na unidade; campeonatos interclasses, entre outras que poderão ser sugeridas durante o planejamento.
Como se pode observar, uma série de metas estão delineadas na exposição acima. Cada escola terá suas peculiaridades e as metas a serem estabelecidas a partir da Proposta Pedagógica, deverão estar em consonância com suas características, (sua realidade). Deve-se estabelecer metas factíveis de serem alcançadas pela escola e pelos professores, individualmente, e que não deverão ser muitas.