quinta-feira, 5 de março de 2009

Plano de Aula

Abra as portas de sua classe para deuses e monstros.

Ajude a turma a entender como e por que surgem os mitos com a reportagem de VEJA sobre o material usado por artistas.

Objetivos
Analisar a formação dos mitos e sua relação com a realidade de cada povo artistas da Antiguidade.

Introdução

Quer deixar a turma fascinada e boquiaberta? A receita é simples: conte uma história da mitologia. Embora trate de feitos e aventuras de um imaginário já perdido no tempo, longe do nosso dia-a-dia tecnológico, os mitos continuam a seduzir as pessoas. Depois disso, leia com a turma a reportagem de VEJA. A tese da pesquisadora americana Adrienne Mayor faz um verdadeiro rebuliço com as origens dos mitos. O assunto, por sua própria natureza e também pela forma original como é tratado na revista, vai manter o pessoal ligado. Seus alunos também poderão comparar os heróis das civilizações grega e romana com os de outros povos, entre eles os índios brasileiros.

Atividades1.

Peça aos alunos para listar os mitos que conhecem e explicar como eles surgiram. Muitos vão lembrar de figuras greco-romanas, que a mídia costuma divulgar, como o desenho animado Hércules. Solicite então uma pesquisa a ser realizada em bibliotecas e na internet sobre os mitos de vários povos, incluindo os das culturas indígenas brasileiras. Faça uma comparação entre os mitos que os alunos citarem. Ressalte a figura do herói e a tentativa de explicar fatos da natureza, dois pontos quase sempre presentes nas histórias dos mais diferentes povos e épocas.


2. Analise com a classe a reprodução do vaso coríntio que está na abertura da reportagem.

Explique aos alunos que os arqueólogos e historiadores utilizam cenas pintadas nas cerâmicas greco-romanas (e nas obras de arte de outros povos) como fonte documental. Eles retiram desses materiais elementos que ajudam a compreender a história da época, sobretudo nos detalhes ligados ao cotidiano. Faça um exercício com a turma: que informações podem ser retiradas da cena em que Hércules combate um monstro mitológico? O tipo de arma utilizada, a vestimenta e os objetos ali representados, mostram a cultura material da época.


3. O homem interpreta o que vê a partir do que já sabe, de sua própria cultura.

Assim como os reis e príncipes gregos e romanos colecionavam os fósséis imaginando que fossem restos de criaturas mitológicas, muitos colecionadores dos séculos XV e XVI guardavam como tesouro o que acreditavam ser o chifre de um unicórnio. Mais tarde, descobriu-se que se tratava da presa de um narval, um mamífero aquático que lembra um peixe-espada. Discuta com os alunos como as interpretações variam de época para época e como representam o próprio modo de pensar da sociedade na qual surgem. Destaque o ponto de vista cientificista que a sociedade moderna usa para explicar os fenômenos naturais, em oposição à forma mitológica que pode ser encontrada em sociedades do passado e mesmo em culturas atuais.

4. Solicite uma pesquisa em grupos sobre o campo de estudo da paleontologia.

Peça que os alunos descubram as áreas do Brasil em que aparecem vestígios de animais que existiram no passado. Quais desses animais conviveram com seres humanos? E quais são muito anteriores à existência dos homens? É fundamental ressaltar que os dinossauros nunca conviveram com seres humanos, confusão muito comum devido a desenhos animados e séries de ficção. No período pré-histórico, os homens conviveram com uma flora e uma fauna diferentes das atuais ¬ havia animais de grande porte, como mamutes, megatérios (preguiças gigantes), tigres-dente-de-sabre e tatus-gigantes, entre outros. Em alguns sítios arqueológicos do Brasil, como os localizados no Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, existem ossos de alguns desses animais, além de pinturas rupestres que os retratam. A turma pode refletir sobre a forma como os povos da época retrataram esses animais.

Como e por que surgem os mitosUm dos primeiros a explicar a mitologia foi Evêmero, no século IV a.C.
Segundo esse filósofo grego, os mitos seriam a tentativa do homem de elevar feitos e acontecimentos históricos a uma categoria divina. Heróis humanos foram retratados como deuses e semideuses, numa narrativa fantasiosa. No século XX, os mitos passaram a ser vistos como modelos que permitem ao homem inserir-se na realidade. Eles funcionam como exemplos típicos das atividades humanas mais significativas. O antropólogo inglês Bronislaw Malinowski (1884-1942), refletindo sobre a importância deles para as sociedades primitivas, disse: "São a expressão de uma realidade original mais poderosa e mais importante através da qual a vida presente, o destino e os trabalhos da humanidade são governados".Outra interpretação dos mitos que também nasceu no século XX é a psicanálise. Sigmund Freud (1856 - 1939) trouxe para esse campo do conhecimento o mito de Édipo ¬ ao lado, o herói na tela do pintor francês Ingres (1780 - 1867). Foi Carl Gustav Jung (1875 - 1961), porém, quem associou os mitos à tendência do nosso inconsciente de projetar ocorrências internas sobre os fenômenos do mundo exterior. Para Jung, "os mitos são principalmente fenômenos psíquicos que revelam a própria natureza da psique". E porque são comuns a todos os homens, encontram-se temas muito semelhantes nos locais mais distantes e diversos.
Titulo

BIBLIOGRAFIAO Poder do Mito, J. Campbell, Palas Athena,
Transformações do Mito Através do Tempo, J. Campbell, Cultrix, Vida e Obra, Nise da Silveira, Paz e Terra