quinta-feira, 5 de março de 2009

Plano de Aula

Freud explica

Explore com os alunos a importância do trabalho do pai da psicanálise, que estaria completando 150 anos

Objetivos Atestar o impacto da psicanálise na cultura ocidental do século XX e discutir as bases do processo psicanalítico

Introdução

VEJA entrevista o psicanalista brasileiro Renato Mezan, um expert na obra de Sigmund Freud, cujo sesquicentenário de nascimento é comemorado neste ano. A expressão "Freud explica" vira e mexe está na boca das pessoas para identificar atos que escapam muitas vezes ao consciente de cada um, prova do impacto da obra do pensador austríaco. Há, no entanto, quem desconheça as origens do processo psicanalítico e a transformação que ele produziu na cultura ocidental. O tema é um bom fio condutor para o exame da vida e dos trabalhos do pai da psicanálise e a compreensão das estruturas que ele propôs para explicar a personalidade humana.


Atividades


1ª e 2ª aulas Se tiver acesso ao filme Freud Além da Alma, dirigido por John Houston em 1962, é interessante começar com sua exibição na escola. O roteiro da trama foi originalmente elaborado por Jean-Paul Sartre num livro homônimo. Apesar do clima hollywoodiano de certas passagens, que levou o filósofo francês a retirar seu nome dos créditos, a fita dá uma boa idéia das descobertas e da biografia do pai da psicanálise. Se não houver disponibilidade para apresentar a obra à garotada, proceda à leitura da entrevista. Chame a atenção para alguns termos e conceitos. Explique a diferença entre psiquiatria e psicanálise: a primeira é um ramo da medicina em que a atuação profissional se restringe aos distúrbios mentais, na maior parte das vezes acompanhada de procedimentos medicamentosos. A psicanálise, por sua vez, é um processo de investigação psicológica realizado pela livre associação de idéias expressa pelo analisado. Explore a comparação feita pelo entrevistado de VEJA com o processo da educação musical e a observação citada: "O que Freud percebe é que a psicanálise, talvez, mais que uma cura, almeja e proporciona uma experiência de si". Eis a essência da atividade, que deve ser enfatizada a fim de desfazer mitos. Um deles a classifica como uma técnica que dirige o indivíduo para adaptá-lo à sociedade. Outro diz que, no íntimo, nossos pensamentos e atitudes são tão monstruosos que espantariam o terapeuta (os cartuns abaixo sugerem tais idéias).
Distribua cópias do quadro "Fantasias sobre o Divã" e peça que os alunos redijam reflexões curtas a respeito das mensagens que as piadas visuais carregam. Outros mitos podem ser discutidos. Desafie a turma a citar alguns, lembrando que eles são também exemplos da influência da psicanálise sobre a cultura, mencionada por Renato Mezan. Estimule cada aluno a listar obras peças teatrais, romances etc. que envolvam aspectos do inconsciente dos personagens.
Fantasias sobre o divã Que tipo de ambiente sugerem os móveis e as pessoas representados nos cartuns ao lado? Que relação entre os interlocutores está insinuada na situação de cima? E na de baixo? Que diferenças em termos de conteúdo visual e de conversação se evidenciam entre ambas? É perceptível que seus autores satirizam fantasias sobre psicanálise. Justifique.

3ª e 4ª aulas A repressão sexual feminina no fim do século XIX, referida pelo psicanalista brasileiro, deve instigar um exame mais aprofundado do contexto cultural e social que envolveu as pesquisas de Freud. Os trabalhos do austríaco mudaram a forma das interações humanas. Muitos o situam no mesmo nível de importância que seus contemporâneos Karl Marx e Charles Darwin. Explique que se deve a Freud a identificação das fases do desenvolvimento psicossexual, baseada no conceito de libido a fonte de energia afetiva que se organiza em torno de zonas erógenas do corpo, conforme indicado na tabela abaixo. Providencie cópias do material para discutir com a classe cada um dos estágios. A fase fálica merece destaque, pois está associada ao período em que se estabelece a situação edípica o pai é um obstáculo entre o filho e a mãe, que culmina com o desejo da criança de matar o genitor (complexo de Édipo). Esse sentimento ocorre também com a filha que quer eliminar a mãe (complexo de Electra). Discuta o impacto dessa revelação sobre a moral vitoriana da época. A denominação complexo de Édipo, tirada da tragédia de Sófocles, revela o gosto de Freud pelo teatro grego. O exame dos sentimentos edipianos remete à leitura da peça pela turma ou à apresentação do filme Édipo Rei, dirigido em 1967 pelo italiano Pier Paolo Pasolini. Nos dois casos, a ajuda do professor de Literatura é bem-vinda.
5ª aula Distribua entre os estudantes um texto sobre a vida e a obra de Freud (veja a indicação de site no fim deste roteiro de aula). Pontue momentos marcantes, como seu estágio com o neurologista francês Jean-Marie Charcot, quando teve contato com as técnicas hipnóticas. Mais tarde, Freud percebeu que esse recurso poderia ser substituído por técnicas de livre associação, o que o levou a cunhar o termo psicanálise. Também é importante lembrar o papel da interpretação dos sonhos no trabalho psicanalítico, introduzido por Freud com base nas próprias experiências oníricas.
É possível que a turma se interesse por questões relativas ao modelo estrutural da mente, que define as funções do id, do ego e do superego. Explique cada um ou sugira a realização de uma pesquisa a respeito. Se achar conveniente, faça só um resumo. No id, que concentra os instintos, alojam-se impulsos contrários, como o sexual (Eros) e o da morte (Tanatos). O ego, que se desenvolve do id, é a parte que está em contato com a realidade externa é o que comanda o movimento voluntário. O superego, evoluído do ego, é responsável pela nossa parte crítica. Segundo Freud, ele possui três funções: consciência, auto-observação e formação de ideais.

Veja também:

Uma biografia confiável de Sigmund Freud está disponível no site

http://www.geocities.com/~mhrowell/freudbiografia.html